terra sonambulaComo pensar o “apalpar de letras”? E elas, espacializadas em órbitas extrapautadas passam a co-habitar aquele abrigo de velho-miúdo pertencente, desconseguidas de permanecerem aquietadas nos cadernos de Kindzu. Onde, afinal, repousam as palavras? seriam elas que, habitando aquele machimbombo, despregariam do sono a terra agora tornada sonâmbula? Letra e terra ganham junto ao humano uma simetria, assujeitamentos que vão povoando as interlocuções na narrativa de Terra Sonâmbula. E a paisagem desabitada da fixidez e as desterradas palavras vão operando, molecularmente, a matéria-menino: “que pessoa estava em si, e lhe ia chegando com o tempo?”. Teriam outras capacidades ou maiores liberdades esses sujeitos não-humanos? Por acaso-criativo teria essa ontologia plana, que nos iguala ao que não é gente, um flerte mais aguçado em singularizar e individuar a partir das multiplicidades que no mundo há? Ou o grau de liberdade não está vinculado a um específico sujeito, mas na própria ontologia plana? As cenas do filme por acaso sugeririam ou apontariam alguma cumplicidade entre a terra que se assujeita e o eterno retorno ao deslocado machimbombo? Sim, pois o tempo do enredo soa suspendido do sentido de história. Machimbombo e tempo deslocados, terra que se movimenta e que por isso atua sobre a guerra, sobre os bandos, sobre os cabritos e elefantes – mas sobretudo na percepção e na identidade de Muidinga. A procura de si, redescoberto por Tuahir e pelas letras de caderno de Kindzu, o miúdo transita, emparceirado de terra e velho, por significações que inventam tempo e identidades, até o derradeiro encontro com sua origem o filme todo buscada: uma mãe, uma fonte, uma aldeia, uma paz de guerra – a guerra é o não saber, menino alheado de mito de origem? o caos?

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