No dia 08 de maio está agendado um encontro com a socióloga Lia Pinheiro Barbosa, doutora em Estudos Latino-Americanos e Professora da Universidade Estadual do Ceará. O tema a ser debatido será Movimentos camponeses, Educação do Campo e Agroecologia na América Latina.

O acesso será pelo Google Meet através do link: meet.google.com/aij-tgit-vbu.

A agenda faz parte das atividades complementares do Curso de Educação do Campo da Universidade Federal do Pampa, que em tempos de pandemia está lançando mão de recursos a distância como opção de interação com estudantes, profissionais da rede pública de educação, pesquisadores, entre outras pessoas que, neste momento, podem contar com acesso à internet.

A articulação com Lia faz parte das ações do Coletivo de Estudo EdoC e Agroecologia. A vinculação entre educação e agroecologia é o tema central do coletivo, em um contexto de formação de educadores do campo para o fortalecimento da transição agroecológica e dos territórios camponeses.

É por isso que a sugestão de leitura de Lia Pinheiro Barbosa para essa atividade é de grande relevância para o coletivo e para todas as pessoas interessadas na produção e reprodução de conhecimentos e práticas que alicercem de fato comunidades e sociedades sustentáveis: EDUCAÇÃO DO CAMPO E PEDAGOGIA CAMPONESA AGROECOLÓGICA NA AMÉRICA LATINA: APORTES DA LA VIA CAMPESINA E DA CLOC.

Abaixo segue link para o artigo sugerido pela Professora e uma breve reflexão escrita a respeito do texto, que será construída aos poucos até o dia 08.

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Reflexão Escrita
Papel da educação e agroecologia na territorialidade resistiva:

Nos umbrais do século XXI podemos observar o fortalecimento da práxis política dos movimentos sociais do campo na América Latina. No âmbito dos projetos políticos articulados, a educação e a agroecologia ocupam cada vez mais um lugar central no trabalho propositivo desses movimentos como elementos indispensáveis na crescente disputa territorial com o capital transnacional e as políticas de Estado, ainda vinculadas à perspectiva neoliberal.

 

Essa mudança nos padrões de produção agrária acirrou a disputa territorial nas áreas rurais da América Latina. No enfrentamento do novo padrão produtivo, as organizações e os movimentos sociais das zonas rurais utilizam cada vez mais a agroecologia como instrumento de contestação, defesa, reconfiguração e transformação dos territórios camponeses e dos espaços rurais disputados, em um processo denominado “recampesinação” (PLOEG, 2008). Por outro lado, o capital financeiro, as corporações transnacionais e os setores privados nacionais estão reterritorializando espaços com abundantes recursos naturais em prol de megaprojetos, concessões para mineradoras, siderurgias e plantações de monocultura. Esses interesses empresariais, apoiados pela política e legislação neoliberais, geraram o crescente problema do monopólio de terras (ROSSET & MARTÍNEZ-TORRES, 2012; 2016).

 

As epistemes das organizações da LVC/CLOC conduzem a concepções de agroecologia em um horizonte comum, no entendimento de que a sua natureza ontológica é a consolidação da soberania alimentar como princípio político para a emancipação humana dos sujeitos do campo. Assim, ao longo da trajetória política das organizações no enfrentamento do capital transnacional há um vínculo indissociável entre território-sujeitos-educação-agroecologia, fundamental no avanço da pauta de luta articulada na região, em diálogo com as organizações membros dos outros continentes3.

Séria integração educação formal e informal:

Processo interprofissional pode ser materializado na formalização da aproximação e colaboração entre comunidade escolar e comunidade de aprendizagem:

Na pedagogia do exemplo, a visita de intercâmbio é a atividade principal: as famílias anfitriãs são as responsáveis pela transmissão do conhecimento da experiência visitada e de sua mediação pedagógica, e as aulas se dão em seus lotes (HOLT GIMÉNEZ, 2008; MACHÍN et al., 2012). Quando essas organizações constroem “escolas camponesas de agroecologia”, não se trata de escolas que oferecem “anos escolares” ou estão direcionadas à juventude per se; são espaços nos quais camponesas e camponeses compartilham conhecimento, durante períodos relativamente curtos, com outras camponesas e camponeses (MCCUNE, REARDON & ROSSET, 2014).

Definição de Agroecologia e Diálogo de Saberes:

Embora haja uma abordagem mais científica da agroecologia, compreendendo-a como uma ciência ocidental (SEVILLA-GUZMÁN, 2014), a LVC e a CLOC a concebem no contexto dessas disputas territoriais. Vejamos a sua concepção de agroecologia (LVC, 2013, p. 70):

 

Estamos luchando para defender y recuperar nuestra tierra y territorios para preservar nuestra forma de vida, nuestras comunidades y nuestra cultura […] porque la agricultura campesina agroecológica que practiquemos en ellos es pieza en la construcción de la soberanía alimentaria, y es la primera línea en nuestra defensa de la Madre Tierra […] Y estamos comprometidos para recuperar nuestros saberes ancestrales de la agricultura y apropiar los elementos de agroecología (que de hecho proviene en gran parte de nuestro conocimiento acumulado), para que podamos producir en armonía con, y cuidando a, nuestra Madre Tierra. El nuestro es el “modelo de la vida”, del campo con campesinos y campesinas, de comunidades rurales con familias, de territorios con árboles y bosques, montañas, lagos, ríos y costas, y está en fuerte oposición con el “modelo de la muerte,” corporativo, de agricultura sin campesinos ni familias, de monocultivos industriales, de áreas rurales sin árboles, de desiertos verdes y tierras envenenadas con agrotóxicos y transgénicos. Estamos activamente confrontando al capital y al agronegocio, disputando tierra y territorio con ellos.

 

Essa visão coletiva da agroecologia é produto de um processo contínuo de Diálogo de Saberes entre as diversas organizações que constituem a LVC/CLOC (ROSSET & MARTÍNEZ-TORRES, 2012, 2016). Entendemos o Diálogo de Saberes como (MARTÍNEZ-TORRES & ROSSET, 2014, p. 982):

 

La construcción colectiva de significación emergente, basada en diálogo establecido entre personas o pueblos cuyas experiencias, cosmovisiones y cuando enfrentan los nuevos desafíos comunes de un mundo cambiante. Dicho diálogo se apoya en el intercambio entre las diferencias y en la reflexión colectiva. A menudo, ello propicia la re-contextualización y la re-significación, lo cual da lugar a saberes y significados emergentes, que se relacionan con historias, tradiciones, territorialidades, experiencias, procesos y acciones de los distintos pueblos. Las nuevas y colectivas comprensiones, significados y saberes, pueden llegar a constituir la base para acciones de resistencia colectivas, y para la construcción de procesos colectivos nuevos.

Justificando situar o campesinato:

Em contraposição, a Educação do Campo busca reverter essas tendências ao situar o campesinato e sua realidade sociocultural e política no centro do processo educativo, por meio da cogestão entre movimentos sociais e setor público, de escolas rurais com enfoque técnico-político e agroecológico que, ao final da sequência educativa, produzem “técnicos-militantes” da agroecologia (MCCUNE, REARDON & ROSSET, 2014; BARBOSA, 2016b).

 


1 comentário

Coletivo de Estudos Educação do Campo e Agroecologia – Educação do Campo & Agroecologia · 5 de maio de 2020 às 10:36

[…] 08 de Maio: Seminário Virtual com a Profª Drª Lia Pinheiro Barbosa, da Universidade Estadual do C…. Para essa atividade, Lia sugeriu a leitura desse artigo. […]

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