uma insubmissão a qualquer forma de monarquia ontológica...

O curta-metragem de Petrus Cariry, O Som do Tempo, ajuda-nos a pensar a insubmissão que uma ontologia campesina haveria de ter em relação às forças de sobrecodificação. Suas imagens, ao se referenciarem no cotidiano de Dona Maria, reforçam as linhas de pensamento que vem sendo aqui lançadas como forma de abordar divulgação científica e cultural na relação de encontro com a campesinidade, divulgação que por ela se afeta. Especialmente na força que tem em estar e permanecer por entre, em ser plano que provê atualização, que se presentifica. Detalhes de pés e mãos, frases que se tornam maturidade renovada, por entre frestas de antiga porta que leva ao fora, ao mundo… mas que também nos abre para o tempo interior de um organismo feito de casa-gente, também um fora do ao redor.

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Presentificação que se dá em casca, suberosa – figuração pela imagem em metamorfose: casa-gente-tempo Maria, textura peridérmica que se suberiza, falece pra resistir viva; casca, água e mãos retorcidas como tronco de cerrado e caatinga, acolhe fogo e concreto que só a maturidade da quase morte pode… viva ilustração camponesa?

Um tempo que morre – uma extração do caos? um plano imanente? filete d’água que escorre folha seca, extremidade da agudeza da ponta de um espinho se desfazendo de si pra ser ar e tudo o mais, resistência do não resistir. Imagem da imagem e escape, cidade-reflexo, concreto fletido, velha-moça que permanece menina e nos retorna ao que nos constitui, fresca visão de mundo,

que pudesse inundar os monolitos da cidade e igualmente promover a vertigem citadina,
confluência lá e cá, enraizamento em urbanidade e plena malha campestre...

Invenção do rururbano, território-destino camponês permeabilizado em um ou qualquer cerne metropolitano. Criação da alteridade camponesa, efeito da campesinidade transitória.

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