agrotoxicos-na-comida

Mata-mato, Roundup, glifosato. Os nomes são muitos para o principal defensivo agrícola utilizado no Brasil e no mundo. Defensivo foi um nome bonito inventado para não assustar os consumidores que compram esse veneno que mata qualquer planta. Mas sendo um veneno tóxico usado na agricultura, melhor chamar de agrotóxico. Seu uso é disseminado desde quintais até as grandes plantações de soja transgênica. A soja transgênica foi inventada para resistir à aplicação desse herbicida, matando todas as outras plantas e ficando somente a soja transgênica. O uso de agrotóxicos tem aumentado com o uso de sementes transgênicas. Então, não é de espantar que tanto a soja transgênica quanto este agrotóxico são produzidos pela mesma empresa, Monsanto.

Por sua vez, Monsanto, juntamente com outras cinco empresas transnacionais, a saber Dow, Syngenta, Dupont, Bayer e Basf, tem o monopólio da produção e venda de agrotóxicos e sementes da agricultura industrial. Na outra ponta do processo produtivo, as gigantes Bunge, Cargill, ADM e Dreyfuss dominam a logística pós-colheita do agronegócio. O agronegócio tem sido apontado por governo e imprensa, além, é claro, dos próprios produtores empresariais, como o responsável pelo crescimento do Produto Interno Bruto e pelo saldo positivo na balança comercial brasileira. Ora, pensando no que já foi dito, uma fatia bem gorda desta riqueza produzida pelo agronegócio retorna para estas empresas que produzem sementes e venenos, ou armazenam os grãos produzidos para exportação. Outra fatia é repartida pelos grandes empresários rurais, muitos deles com cargos políticos, onde defendem os interesses do setor. Para dizer bem a verdade, nem os grãos ficam no país, para o povo brasileiro.

Mesmo assim, o que fica é muito para o Brasil. Fica muita contaminação química dos rios, das florestas, dos animais e do ar. Fica muita contaminação também de pessoas. Em Lucas do Rio Verde, segundo maior produtor de grãos de Mato Grosso, a contaminação por agrotóxicos foi encontrada até no leite materno. E então, ficam muitos problemas de saúde decorrentes da contaminação por agrotóxicos. Estima-se que para cada dólar gasto com agrotóxicos, são gastos 1,28 dólares para cuidar de casos de intoxicação aguda pelo SUS. Mesmo assim, os agrotóxicos recebem 60 % de isenção de ICMS. Essa isenção é destinada também para aqueles que já são banidos em outras partes do mundo, mas ainda podem ser vendidos no Brasil. Como se não bastasse, alguns agrotóxicos ainda recebem isenção total de IPI, PIS/PASEP e COFINS e de tributos estaduais.

Desde 2008, o Brasil vem mantendo anualmente a posição de maior consumidor de agrotóxicos no mundo. Em 2012, foram compradas mais de 800 mil toneladas em todo o país, sendo Mato Grosso o maior estado consumidor.

O dia de hoje, 3 de dezembro, foi escolhido como Dia Internacional do Não Uso dos Agrotóxicos por remeter a um dos piores desastres químicos já ocorridos. Nesta data em 1984, até 40 toneladas de gases tóxicos para a produção de agrotóxicos vazaram da indústria da Union Carbide em Bophal na Índia, matando 30 mil pessoas e deixando 150 mil pessoas doentes até os dias atuais. No Brasil, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida estará promovendo debates, exibições de filmes, atos e mobilizações que questionam o  uso de agrotóxicos em várias cidades dos estados brasileiros.

Por Maíra Ribeiro

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